OS CUPINS E LUME: O VAGA-LUME
Todas as noites um vaga-lume
sobrevoa, livremente, a floresta ou outros lugares onde há vegetação. Seu
“pisca-pisca” reflete um lindo brilho cintilante como as estrelas.
Geralmente, são dezenas que
se concentram formando um espetáculo esplendoroso. Aquelas luzinhas enfeitam e
dão mais colorido às noites tornando-as mais belas.
Embora sejam pequenininhos,
são capazes de fazer inveja à lua e às estrelas, porque elas estão no céu
paradas, estáticas, enquanto eles voam, voam, voam..., suavemente com total
liberdade, batendo suas asas se deixando admirar pelos astros e pelos imortais
poetas.
Adoram passear e, às vezes,
enfrentam perigos. Podem ser capturados por sapos, rãs, lagartixas e até
levados pelos ventos fortes para lugares distantes.
Foi o que aconteceu com
Lume. Um vendaval o carregou para um lugar bem longe. Por mais que lutasse
contra aquele vento forte, Lume não conseguia libertar-se. Batia suas asas
rapidamente até cansar. Ficou exausto, desesperado sem saber onde iria parar.
Coitado! Estava impotente diante da fúria do vento que não cessava. Aquele
momento parecia uma eternidade. Veio o medo, a solidão, a luta, a incerteza.
Tudo parecia um pesadelo que não chegava ao fim.
De repente, foi jogado
contra uma árvore. Ficou atordoado por alguns instantes, até que respirou fundo
e se equilibrou. Caminhou vagarosamente. Lume viu alguns insetos transitando
por aquela árvore, num vaivém incansável e constante. Eram cupins que ali
habitavam.
Lume contou sua história e
logo foi convidado para descansar no cupinzeiro. Ele aceitou e dormiu
tranquilamente o resto da noite. Como Lume iluminara a casa dos cupins, foi
convidado a morar com eles. Lume aceitou e logo se firmou, entre eles, uma
grande amizade.
Porém, em troca da
hospedagem, o vaga-lume teria que se adaptar aos costumes dos cupins. Lume
aceitou. Afinal fora acolhido e ali morava gratuitamente estabelecendo-se,
assim, uma relação de interdependência.
Tudo parecia muito bem. O
clima era harmonioso e todos trabalhavam em equipe. Entretanto, o vaga-lume
tinha algo que despertou inveja nos cupins: a luz que, à noite, iluminava
aquele ambiente.
Certo dia, Lume saiu para
passear; dar umas voltinhas por aquelas mediações. Procurou não ir muito longe.
Enquanto isso, os cupins se reuniram para exigir que Lume os ensinasse como
adquirir uma luzinha semelhante à dele. E nessa assembleia concluíram que, se Lume
se recusasse, eles o expulsariam e ainda o obrigaria a comer uma substância
produzida pelos cupins, a qual é altamente ofensiva para os vaga-lumes.
Lume de nada sabia; quando
chegou ao cupinzeiro encontrou uma revolução. Todos os seus “amigos” queriam
que ele lhes dissesse como conseguira aquela luz. Ele explicou que nascera
assim. Porém, os cupins revoltados, não acreditaram. E, por conta da inveja,
mandaram Lume ir embora em plena noite escura. Ele acendeu seu “pisca-pisca” e
saiu voando em liberdade pela floresta.
Moral: quem nasceu para
cupim, nunca chega a vaga-lume.
Autora do texto: Afra de
Souza Lira.
Graduada em Letras;
Pós-graduada em Língua,
Linguística e Literatura.
Fonte da imagem: Internet.
Euclides da Cunha-BA. Em
14/09/2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário