domingo, 23 de setembro de 2012

ESPERANÇANDO


Esperançando

É preciso ter esperança, mas tem de ser esperança do verbo esperançar, porque tem gente que tem esperança do verbo esperar e, aí, não é esperança e, sim, espera. Ah, eu espero que dê certo, eu espero que resolva, eu quero que funcione... Isso é pura espera; esperançar é ir atrás, é juntar, é não desistir”. (Paulo Freire)
Nós, enquanto professores, precisamos degustar o sabor das palavras contidas nesse pensamento do educador e imortal Paulo Freire. O verbo “esperar” nada mais é do que o sentido estático em que ele se encontra nos dicionários e gramáticas. Já o verbo “esperançar”, traduz, em sua essência, um valor significativo que nos remete a uma reflexão acerca de nossas ações.
Será que já conjugamos, em nossa trajetória, esse verbo? “Esperançar” é, sem dúvida, (re) pensar, inovar, transformar, mudar aquilo que, por vezes, nos parece imutável, porque relutamos em continuar investindo no tradicionalismo. O novo requer ousadia, coragem, vontade de querer fazer o diferente em nossa prática pedagógica.
Não basta informar; é preciso formar. Esse paradigma não deve estar associado a um dogma tendo em vista que a ideia é, sobretudo, valorizar o conhecimento e a participação efetiva de todos em busca de (re) construir o saber.
Quando se fala em “esperar” e “esperançar” percebe-se que não há nenhuma relação intrínseca entre esses verbos. “Esperançar” indica movimento, ação, atitudes que devem ser incorporados ao nosso cotidiano em sala de aula. É através da tomada desse posicionamento que a educação deve trilhar.
Unir forças, dividir tarefas, organizar o espaço escolar, elaborar projetos pedagógicos com uma equipe capacitada, inserir a família e a comunidade nesse contexto, são alguns pontos que podem favorecer o ensino - aprendizagem. É através desses indicadores que a educação se consolida em sua real existência.
O filósofo grego, Sócrates, nos dá uma lição de humildade ao, sabiamente, afirmar a sua célebre frase: “Só sei que nada sei”. E como jamais atingiremos o conhecimento em sua totalidade, cabe-nos a incumbência de desbravar o desconhecido. Isso se faz com determinação, força de vontade, entusiasmo e muita perseverança; isto é, sem o esforço da busca, é impossível a alegria do encontro. Esse processo de busca desencadeia uma sucessão de fatores capazes de promoverem um ensino - aprendizagem de excelência, conforme exige a sociedade contemporânea.
Utopias? Não! Por isso, comungo com o poeta Fernando Pessoa quando, categoricamente, afirma: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Por isso “esperanço” que avistaremos um horizonte mais claro e límpido e tudo será como numa sinfonia belíssima regida pela esperança, pelo amor e pela afetividade. Quanto às utopias, faço minhas as palavras de Qintana quando diz: “Se as coisas são inatingíveis... ora! não é motivo para não querê-las... que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!".

Autora do texto: Profª Afra de Souza Lira.
Euclides da Cunha-BA., 23/09/2012