AS
DESCOBERTAS DE ÁIAS
Áias sai com cada
pergunta que deixa dona Carmen embaraçada, sem saber como responder. É tão
curioso que, às vezes, sua mãe se aborrece com tanta indagação. Ele quer
respostas para tudo, mesmo quando algumas não têm explicação.
Volta e meia Áias
aparece e a mãe já fica preocupada por saber que vem uma sabatina de questões
para ela responder. O menino se aproximou da mãe e não deu outra. Começou a
perguntar: - mãe, por que liquidificador não pode ser chamado de moedor? E esse
caldeirão pequeno, não poderia ser um caldeirinho? E a cama? Deveria ter o nome
de dormidor, como a coberta é cobertor. Sapato não deveria ser pepato? Que esquisito!
Eu mesmo não concordo. Só acho que deveriam ter inventado outros nomes.
Dona Carmen ouve tudo
em silêncio, mas Áias que se parece com um boneco falante, continua a tagarelar
sem parar. Parece até que é movido à bateria ou tem um motorzinho de cordas –
daqueles com chavinhas nas costas -, que o deixam cheio de energia.
Na escola estudou sobre
o folclore e chegou em casa cheio de dúvidas: onde foi parar a cabeça da Mula-sem-cabeça?
E como é que ela faz para andar sem a cabeça? Por que o Saci é um “neguinho” de
uma perna só? Quem arrancou a outra perna do Saci? E por que não levaram ao
hospital para colocarem a perna? E o Curupira, por que os pés são para trás? O certo
seria fazer uma cirurgia. Ainda tem a Caipora que confunde os caçadores na
mata. Da Caipora, eu até gosto; pelo menos ela protege os animais.
Dona Carmen já estava
pelos cabelos! Não aguentava mais tanta conversa. Para se ver livre, mandou
Áias tomar banho. Do banheiro, sai um berro: - manheeê, como é que São Pedro
consegue abrir a porta do Céu? – Por que menino? Perguntou a mãe. Áias, ainda
debaixo do chuveiro diz: - Pelo tamanho do Céu, a porta deve ser gigante e a
chave muito pesada! A mãe diz: - filho, no céu tem muitas portas, assim como na
Casa Grande da Fazenda. São Pedro só guarda as chaves. – Xiii! Pior ainda! Disse
o garoto. Coitado de São Pedro! Além de guardar todas as chaves, ainda fica
correndo de porta em porta para abrir e fechar. Deve ser por isso que ele está
bem velhinho.
Áias já está arrumado
para ir à escola. É hora de almoçar. Sentado à mesa, observa a salada e percebe
a tonalidade colorida das verduras. De repente olha para dona Carmen e
pergunta: - Mãe, por que tomate, cenoura, beterraba e berinjela são chamados de
verduras, se eles não são verdes?
- Chega, Áias! Chega de
tanta pergunta! Já estou cansada! Vou mandar tirar essa pilha que tem dentro de
você!
- Que pilha!? A senhora
mandou instalar uma pilha dentro de mim? Quando? Onde? Quem instalou? Foi no hospital?
E por quê? Quer dizer que sou um menino robô? Então...
- Fique calado e trate
de almoçar! Disse a mãe do garoto. Áias responde: - também nessa casa ninguém
nem pode mais conversar!
Autora do texto: Afra
de Souza Lira.
Graduada em Letras.
Pós-graduada em Língua,
Linguística e Literatura.
Foto de meu neto Áias.
Euclides da
Cunha-BA. Em 07/09/2013.
AMEI O TEXTO. BEM INTERESSANTE E CRIATIVO A PARTE DO NOME DOS OBJETOS. ÁIAS ESTA AI COMENDO COMIDA JAPONESA. E IMAGINE QUANTAS PERGUNTAS ELE FEZ. RSRSRS. CRIE UMA PRA ENOS E ALICE QUE SAO MAIS PERGUNTADORES QUE ÁIAS.
ResponderExcluirSEMANA PASSADA ENOS TINHA UMA TAREFA ASSIM SE DIALOGO. VOU MOSTRAR A ELE.
BJS. CONTINUE ESCREVENDO.