segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A LENDA DA ÍNDIA KATIUSCIA



 
A LENDA DA ÍNDIA KATIUSCIA

Katiuscia era uma indiazinha maravilhosamente sapeca. Uma doce criaturinha que adorava tomar banho no rio, mergulhar, ver seu rosto refletido no espelho d’água e nadava como um peixinho. Gostava de atirar com seu arco e ficava feliz ao ouvir o zunido da flecha cortando o ar.
Tinha apenas oito anos de idade, mas já ajudava sua mãe nos afazeres da oca – nome da casa dos índios – e cuidava dos irmãozinhos mais novos.
Era muito criativa. Inventava brincadeiras com pedrinhas, pedaços e cascas de madeiras, além de construir abanos – uma espécie de leque-, com as folhas das palmeiras. Ela mesma confeccionava seus colares com sementes coloridas, pois adorava se enfeitar. Pintava o corpo e o rosto com tintas extraídas das plantas da aldeia.
Seus lindos cabelos eram negros e muito lisos. Sua mãe tinha sempre o cuidado de cortar uma franjinha usando palhas de tiririca - que é uma espécie de capim -, cujas bordas são afiadas.
Todas as manhãs, ela acordava cedinho para ir à escola, a qual ficava do outro lado do rio. A própria criançada era quem remava e conduzia a canoa. A canoa ficava atracada (estacionada), amarrada em uma árvore, “dançando” de acordo com o balanço das águas.
A professora era uma índia graduada em pedagogia. Havia estudado na cidade e retornara à aldeia para, ali trabalhar. Além de ensinar todas as matérias, tinha o cuidado de ministrar aulas sobre a língua indígena. Esta não deveria ser esquecida, pois era falada apenas pelos índios mais velhos e a tradição não podia acabar.
Porém, certo dia, Katiuscia não foi para a escola. Ao amanhecer o dia, a garota não teve ânimo para levantar-se de sua rede. A mãe chamou a filha que, imediatamente, respondeu com uma voz muito fraca: - estou deitada porque acordei sentindo frio e com dor de cabeça. Dona Iracema ( mãe de Katiuscia), providenciou fazer um chá com a mistura de várias ervas e deu para a menina tomar. O remédio não fez efeito. A cada dia que passava, a pequena índia ficava mais fraca.
O Pajé – curandeiro da tribo - convocou os homens para realizarem uma dança. Nesse ato religioso, invocaram os deuses e os espíritos praticando todo o ritual em prol da saúde da menina. Infelizmente os sacrifícios foram em vão. Katiuscia não resistiu e morreu. Aquela doença era febre amarela.
Seu corpinho ficou aqui na terra, mas seu espírito subiu ao céu e se transformou em uma brilhante estrela. Lá em cima, fica pertinho de seus antepassados. Porém, somente os índios podem ver.
Autora do texto: Afra Lira
Graduada em Língua, Linguística e Literatura.
Fonte da imagem: Internet
Euclides da Cunha/BA. 26/08/2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário