A
BRUXINHA ATRAPALHADA
Magali
é uma bruxinha muito simpática que sente prazer em transformar as coisas,
usando sua varinha mágica.
Ela
vive em uma floresta encantada e todos os dias pensa em inventar algo
diferente. Sente-se entusiasmada quando sai com sua varinha de condão mantendo
sempre a esperança de poder concretizar os seus sonhos, os seus desejos.
Em
seus pensamentos, é possível realizar tudo o que quiser sem o menor esforço e
transformar, por exemplo, ratos em cavalos; urubus em águias; lagartixas em
jacarés; gatos em tigres; cactos em árvores frondosas e frutíferas e tudo
quanto a sua imaginação permitir.
Os
animais da floresta sabem que a bruxinha Magali não tem poderes para executar
tais transformações. Como ela é muito querida por todos, eles resolveram
ajudá-la em segredo.
Certo
dia, Magali pegou a varinha de condão e saiu pela floresta, toda faceira,
cantarolando e disse: - Pirlimpimpim! Morcego, se transforme em um belo
pássaro! O morcego, assustado, saiu voando sem passar por nenhuma
transformação.
Que
frustração para a pobre bruxinha! Mesmo assim, ela não desistiu. Tocou em um
melão e, dizendo a mesma palavra mágica, mandou que fosse transformado em uma
suculenta melancia. Que pena! Mais uma vez não deu certo.
Passou
o dia tentando, mas nada conseguiu. Já estava exausta, desanimada e
decepcionada. Cabisbaixa, voltou para casa. Achava-se em fracasso! Não
conseguiu dormir. A noite parecia interminável.
No
dia seguinte ela não saiu nem mesmo para cumprimentar os vizinhos. Estava
triste. O dia, para ela, parecia vazio, sem vida, sem cor. Da chaminé de sua
casa não saía fumaça porque Magali não teve ânimo para acender o fogo e
preparar a comida. Estava sem fome.
Os
animais ficaram preocupados e o papagaio resolveu visitá-la. Bateu à porta e,
de dentro da casa, Magali perguntou:
-
Quem é?
-
Sou eu. Respondeu o papagaio.
-
O que deseja?
-
Gostaria de conversar com você.
-
Volte mais tarde. Estou ocupada!
-
É urgente!
-
Não quero conversar com ninguém.
-
Por quê?
-
Não interessa.
-
Abra a porta! Quero ajudá-la!
Depois
de muita insistência a bruxinha resolveu abrir a porta e deixou o papagaio
entrar. Ela estava muito abatida, mas o papagaio, todo falante, conseguiu
animá-la. Contou-lhe as notícias da floresta, algumas piadas engraçadas até
que, aos poucos, Magali ficou descontraída e começou a dar boas gargalhadas.
Conversaram
à vontade. Na verdade, o papagaio queria saber o porquê daquela tristeza. Foi,
então, que a bruxinha revelou a frustração dos seus sonhos. O papagaio não
perdeu a oportunidade para aconselhar a amiga a não permanecer decepcionada
como, também, não desistir de seus ideais. Prometeu que iria encontrar uma
maneira de solucionar esse problema e que brevemente voltaria com um plano
infalível.
Magali
suspirou aliviada, pois sabia que poderia contar com o apoio do amigo.
Despediram-se ali mesmo. O papagaio foi embora deixando a autoestima da amiga
nas alturas.
Ele
não perdeu tempo. Reuniu os amigos da floresta, contou a história de Magali e a
necessidade de ajudá-la. Após a apresentação de muitas ideias, concluíram que
quando Magali tocasse a varinha de condão em algum deles, o outro apareceria.
Afinal, todos queria colaborar para que a bruxinha voltasse a sorrir.
Depois
de tudo planejado o papagaio retorna à casa de Magali e acerta com ela para, no
dia seguinte, ir à floresta fazer suas mágicas, incentivando-a e fazendo-a
saber que tudo vai dar certo. Entretanto, fez-lhe uma advertência dizendo que
ela só pode transformar animais, justificando que, por se tratar de uma garota,
ainda não tinha poderes suficientes para realizar todas as transformações que
desejasse. Argumentou, ainda, que os poderes mágicos iriam aumentando
gradativamente, à medida que ela fosse adquirindo mais experiências. Assim que
ficasse adulta, todos os poderes seriam realizados, não somente com os animais,
mas, também com outros seres e objetos.
A
bruxinha achou que os pensamentos do papagaio tinham fundamento e aceitou o
desafio de transformar apenas os animais.
Levantou-se
cedinho – mas, sem que ela soubesse os animais já estavam a postos preparados
para serem “transformados” -. Pôs um vestido de bolinhas, colocou o chapéu, os
sapatos pretos com fivelinhas, pegou a varinha de condão e saiu.
Encontrou
uma lagartixa. Tocou-a com a varinha dizendo: - pirlimpimpim! A lagartixa
“virou” um jacaré. Isto é, se escondeu na folhagem e apareceu o jacaré. Ficou
maravilhada com a proeza e, assim, passou o dia fazendo suas “mágicas”, toda
contente.
Um
caçador que se encontrava ali observou tudo e ficou assustado com o que viu.
Saiu em disparada, com medo daquelas mágicas da menina. Ele pensou que Magali
era, de fato, dotada de poderes sobrenaturais e que ela também poderia
transformá-lo em um animal selvagem e permanecer ali para sempre. Saiu tão
depressa que até a espingarda perdeu.
Os
amigos guardaram esse segredo e Magali, de vez em quando, vai à floresta muito
feliz praticar a arte de fazer magias.
Autora
do texto: Afra de Souza Lira
Graduada
em Letras e Pós- graduada em Língua Linguística e Literatura
Imagem:
Internet.
Euclides
da Cunha/BA. 25/08/2013.
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